“Preso como eu estava, eu tinha que soltar a imaginação. Eu tinha que usar as capacidades imaginativas que me livrassem daquela prisão. A letra de Futurível dá conta desses dois aspectos. Eu queria sair dali com um corpo mais solto e mais complexo de acordo com as expectativas do novo mundo que a tecnologia propicia”.
Gil foi de encontro a ele próprio. Foi transmutar a si mesmo, através da obra Gil Futurível, do coletivo Azimov Labs dos artistas Clélio de Paula, Floriano Varejão, Lauro Gripa e Agência Rastro em exibição na Bienal de Arte Digital, que em 2022 tem o tema condições de existência, através da curadoria de Tadeus Mucelli.
Nada é mais significativo que o trabalho em realidade virtual de “Gil Futurível” ao falarmos nas formas de existir e coexistir em tempos complexos. O artista pensava em sua condição extrema e na capacidade de transcender além do corpo para resistir e ir além.
Gil participou do processo de captura das imagens na fase de produção do trabalho. Porém não havia experimentado o trabalho finalizado, que perpassa por partes importantes de sua trajetória e de sua obra. Em encontro marcado com ele mesmo Gil, narrou pontualmente o encontro entre autor e sua própria obra de uma forma única através de arte digital.
“É um prazer extraordinário ser cobaia em novas experiências artísticas. Experiências que já estavam previstas na minha própria obra. Sou um autor completamente encaixado nessa perspectiva futurível, dos futuros possíveis, dos futuros desejáveis” (Gilberto Gil, em janeiro de 2023)
A ideia de memória no campo digital, sempre foi uma preocupação da Bienal de Arte Digital, desde o FAD , festival de arte digital que deu vida a bienal em 2018. A obra Gil Futurível, materializa mesmo digitalmente a importância dos acervos, que podem produzir experiências.
“Acervos e a memória artística cultural, tem nas tecnologias uma capacidade de imortalidade.. de um acesso infinito ao conhecimento para muitas gerações. Cabe a nós, curadores, pesquisadores, festivais, bienais e entusiastas da tecnologia e criadores, nos direcionarmos para o valor da nossa cultura, a fazê-la permanecer ao longo do tempo.” (Tadeus Mucelli, curador e pesquisador).
A Bienal agradece especialmente além de Gilberto Gil e sua equipe pela generosidade, mas aos envolvidos nesse trabalho, que só foi possível pelo empenho dos profissionais envolvidos e do incentivo da Sociedade Kusama, Oi e Oi Futuro para sua exibição completa na Bienal.
Foto: Pedro Murad (divulgação Bienal 2023)